Nos bailes da vida – Jet Boys

Eleita um dos melhores conjuntos de baile do Brasil, em 1974, pelos jornais Folha da Tarde e Notícias Populares, o Jet Boys no final da década de 70/início da de 80, migra para rock nacional, tocando Cazuza, Blitz, Titãs, Ultraje a Rigor,entre outros. Já na década seguinte, anima bailes por todo o interior paulista, com uma grande estrutura de palco e equipe, tornando-se uma das principais bandas do cenário musical.

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Andreas Kisser explica por que Anos 80 acabaram com solos de guitarra

Essa é uma das grandes críticas que eu tenho ao Rock nacional. Teve aquele ‘limbo’ entre o final do Led Zeppelin e a chegada do Van Halen em que o saxofone começou a tomar conta dos solos, com a guitarra em segundo ou terceiro plano. E aqui no Brasil não foi diferente, bandas como Titãs, Paralamas… o Ultraje a Rigor tinha uma pegada um pouco mais Metal, e o Barão Vermelho também era um pouco menos ‘tímido’. Mas o resto…

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Para homenagear o lendário Canisso, relembre bandas que já misturaram música com comédia

De rock ao sertanejo, o Entretê preparou uma lista hilária para você ouvir com o som no último volume

Ultraje a Rigor – Rebelde sem Causa

Formada durante a década de 1980, o Ultraje é uma banda que faz sucesso até os dias de hoje misturando crítica política e social com muito humor. “Rebelde sem Causa” conta a história de um jovem que tenta ser rebelde, mas é tão mimado pelos pais que não encontra motivos para se revoltar.

Source: Leiagora

As ácidas críticas que Raul Seixas fazia aos roqueiros dos anos oitenta no Brasil

Quando Raul Seixas alfinetou o Ultraje a Rigor, de Roger Moreira

Em agosto de 2014, quando completou 25 anos da morte de Raul, trechos em áudio de entrevista conduzida pelo jornalista André Barbosa em 1988 foram publicadas no Portal ETC. Numa dos trechos, André pergunta a Raul sobre como enxergava o rock no Brasil naquela época.”Raul, me conta uma coisa. Você foi considerado um porta-estandarte do rock. E como é que você vê o rock no Brasil?” pergunta André, citando as raízes do rock no blues, r&b e muito mais, e comentando que nós também temos uma música popular que faz uma fusão de vários ritmos e estilos de diferentes origens. “Eu acho que hoje em dia, apesar de ser um rock mais ingênuo que estes conjuntos estão fazendo aí…”, responde Raul, em seguida amplificando mais os adjetivos: “Bem mais ingênuo, bem mais inocente, inclusive pobre de harmonia, muito mais pobre que já tivemos com a música popular brasileira, com o tropicalismo e tudo, já chegamos numa fase muito mais rica, tá espelhando numa coisa mais pátria”.Daí Raul faz uma citação direta ao Ultraje a Rigor: “Nós somos inúteis, nu com a mão no bolso” diz o cantor, citando frases marcantes de duas músicas da banda para exemplificar sua lógica. “Quer dizer, é isso, é o momento histórico que nós estamos passando, e se há falta de cultura na juventude, há falta de cultura. Os desenhos animados são preguiçosos hoje em dia, fica tudo parado assim, só move a boca, move um olho, tá tudo assim meio desanimado mesmo. “É isso mesmo, uma falta de cultura mesmo, tanto musical quanto de ideias. A juventude está mal informada, foi uma grande conquista de quem quis que acontecesse assim”.O roqueiro e a banda brasileira dos anos oitenta preferidos de Raul Seixas.Um dos poucos roqueiros da safra dos anos oitenta que manteve relação direta com Raul foi Marcelo Nova. “A primeira vez que vi Raul eu tinha uns 10 anos de idade. Raul tinha uns 17″(…) “Nem cheguei a conversar com ele na época, porque o Raul era seis anos mais velho que eu, e nessa fase uma diferença dessas é muito grande”, conta no livro “Marcelo Nova: O Galope do Tempo” de André Barcinski. Então, embora conhecesse Raul desde a infância, eles só se encontraram pela primeira vez em 1984 quando Raul foi convidado para subir ao palco com a banda de Marcelo, o Camisa de Vênus, em um show no Circo Voador do Rio de Janeiro. Os dois passam a manter contato, com o Camisa gravando “Ouro de Tolo” no seu álbum de 1986, “Correndo o Risco”.Em 1985 foi realizada no Brasil a primeira edição do Rock in Rio. Raul não foi convidado. Lucas relata na sua tese que, nas entrevistas da época, Raul fazia questão de desmerecer alguns participantes do evento: “Raul Seixas torce o braço em forma de banana para o rock brasileiro de atual sucesso: ‘Tudo muito bonzinho, não acha? Bem, eu não vou falar do Parachoques do Fracasso, tá certo? Acho tudo uma palhaçada enorme. Não tem sacanagem nenhuma, tudo muito ingênuo. De todos só gosto do Kid Vinil e seu grupo Magazine. Eles sim, são punks vagabundos. Não gosto nem do Barão Vermelho. Me parece que esse pessoal não tem informação. E a culpa não é minha'”.Foto: ReproduçãoKid Vinil também foi citado de forma elogiosa por Raul em uma entrevista famosa que ele deu a Pedro Bial. E existe um pequeno trecho em áudio de uma homenagem cantada ao Kid feita pelo Raul, além de áudios de entrevistas de Raul conduzidas por Kid Vinil.Ao longo dos anos, Raul seria homenageado por dezenas de artistas que passaram pelo festival, até mesmo Bruce Springsteen, que mandou uma releitura de “Sociedade Alternativa” na edição de 2013. E Jotabê Medeiros reproduz no livro “Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida” uma fala de Roberto Medina, promotor do Rock in Rio, onde ele se justifica pela ausência de Raul: “A primeira edição do Rock in Rio, em 1985, perdeu o bonde. É claro que, não só no Raul, como em outros nomes, posso não ter pensado. Confesso que não lembro muito bem como elegi o casting nacional. Naquele tempo tinha a Rádio Fluminense – a Maldita – e eu me pautava no aconselhamento deles. Fiz também pesquisa de opinião – o que faço até hoje – me balizando em tribos e estilos diferentes. Tinha ainda a dificuldade para contratar as bandas. Foi muita pressão. É claro que o Raul Seixas deveria estar presente, mas provavelmente eu tenha esquecido outras pessoas também importantes. A segunda edição do Rock in Rio, em 1991, já tinha perdido o bonde, mas cheguei a procurar a viúva de Raul, Kika Seixas, para fazer um selo comemorativo do festival”.

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Que coisa feia, Raul. Parece inveja.

Trilha das Diretas teve Ultraje, Chico, Caetano e Milton – 25/02/2023 – Ilustríssima – Folha

Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, no segundo dia da segunda edição do festival SWU (Starts With You) Music and Arts Festival, em Paulínia, em 2011 – Zanone Fraissat/Folhapress

Como canções de Ultraje, Caetano, Chico e Milton deram o tom das Diretas

Músicas de variados estilos e artistas viraram hinos do movimento que tomou as ruas do país

Oscar Pilagallo

Jornalista, é autor de “História da Imprensa Paulista”, entre outros livros. Lança agora “O Girassol que nos Tinge: Uma história das Diretas Já, o Maior Movimento Popular do Brasil” (ed. Fósforo), sobre os 40 anos das Diretas

[RESUMO] No texto a seguir, adaptado de capítulo do livro “O Girassol que nos Tinge: Uma História das Diretas Já, o Maior Movimento Popular do Brasil”, o jornalista Oscar Pilagallo conta como uma lista eclética e improvável de canções, do rock à MPB tradicional, embalaram as multidões que iam às ruas pela redemocratização do país.

Num dia qualquer de 1982 —entre a surpreendente derrota da seleção brasileira na Copa da Espanha, em 5 de julho, e a auspiciosa primeira eleição direta para governadores em mais de 15 anos, em 15 de novembro—, Roger Moreira tomou uma chuveirada que mudaria sua vida e emprestaria irreverência à trilha sonora da campanha das Diretas. Cantarolando na ducha, acabou entoando, por uma associação sonora qualquer, a palavra “inútil”, que ficou reverberando em sua cabeça até se transformar no refrão “a gente somos inútil”.

Nascido em família da classe média paulistana residente na chique região dos Jardins, Roger estava distante do perfil dos jovens engajados que militavam no então ressurgido movimento. Adolescente, a transgressão não ia além dos sapos que, apanhados na fazenda dos pais, soltava nas aulas. Em vez de contestação juvenil, algazarra inconsequente. Tinha largado o vício do fliperama, mas ainda gostava de entrar pela madrugada brincando de videogame ou folheando gibis, como “Pato Donald”. “Eu não era muito politizado, mal sabia o que era esquerda e direita”, lembraria quatro décadas mais tarde, quando já estava alinhado à direita, inclusive apoiando o presidente Jair Bolsonaro, de extrema direita. E, no entanto, o guitarrista alienado de 1983 iria capturar o desejo coletivo, mas ainda não verbalizado nas ruas, de deixar para trás a ditadura. Vazada em críticas ao governo e à sociedade, com ironias sublinhadas pela concordância verbal torta, a letra de “Inútil” passeia por mazelas brasileiras. Há menções à política industrial (“a gente faz trilho e não tem trem pra botar”), ao descuido social (“a gente faz filho e não consegue criar”) e à censura (“a gente escreve peça e não consegue encenar”). Roger olha também para o próprio umbigo (“a gente faz música e não consegue gravar”) e reflete o desapontamento nacional com a Copa perdida pelo futebol-arte (“a gente joga bola e não consegue ganhar”). Foi o verso de abertura, porém, que catapultou a música ao cenário político nacional: “A gente não sabemos escolher presidente”. Era um grito que expunha frustrações e sacudia consciências, mexendo com os brios de quem, talvez vestindo a carapuça, se acomodara à impotência política. A parabólica de Roger estava voltada para o lugar certo. “Inútil” teve a primeira audição pública em abril de 1983, pouco mais de um mês depois de a emenda Dante de Oliveira ter obtido o número necessário de assinaturas para ser apreciada pelo Congresso. A então desconhecida banda Ultraje a Rigor tocou-a no Teatro Lira Paulistana, um dos endereços mais prestigiados da cena musical de vanguarda dos anos 1980 e que decidira abrir espaço para novas bandas no projeto Boca no Trombone. Gravada quase em seguida em um compacto simples, teria que aguardar por longos meses a liberação da censura. A provocação juvenil parecia incomodar os militares, como um sapo jogado na caserna. Antes de obter a autorização de Brasília, no entanto, a música chegaria aos palanques da campanha das Diretas por vias informais. Tudo começa quando André Midani, presidente da gravadora WEA, resolveu distribuir para amigos fitas cassete com a gravação inédita. Uma delas cai nas mãos do publicitário Washington Olivetto, o criador da Democracia Corintiana, que a envia a Osmar Santos.

O radialista e apresentador toca “Inútil” no seu programa na extinta rádio Excelsior, o “Balancê”, que fazia sucesso entremeando música e conversa sobre política e futebol. Na sequência, procura Roger e lhe pede autorização para reproduzi-la no sistema de som do primeiro dos grandes comícios das diretas, em 12 de janeiro de 1984, na Boca Maldita, em Curitiba. Seria a estreia de Osmar Santos como mestre de cerimônias da campanha e de “Inútil” como um de seus hinos. No palanque, Ulysses Guimarães se arrisca a cantarolar um trechinho.

Finalmente liberada pela censura, que desistiu de exigir mudanças na letra, a música emplacou, tendo contado até com a publicidade que lhe deu Ulysses. Quando Carlos Átila, porta-voz do presidente Figueiredo, declarou em seguida que as manifestações populares só serviam para “desestabilizar a sucessão”, o deputado disse à imprensa que mandaria ao funcionário do Palácio do Planalto uma cópia do single de presente.

“Ele que repita isso, que toque o disco e fique ouvindo.”

Roger estava longe de ser, entre seus pares, uma andorinha solitária no verão das Diretas. Tardio como foi, o rock brasileiro, além de abordar temas típicos da juventude, como a rebeldia e o amor, lançou um olhar crítico sobre a política nacional desde a virada da década.

 

Source: Trilha das Diretas teve Ultraje, Chico, Caetano e Milton – 25/02/2023 – Ilustríssima – Folha

Gazeta Explosiva: Operação gambiarra

Na década de 80, a banda Ultraje a Rigor fez sucesso com a música ‘Inútil’. A canção dizia: “A gente não sabemos escolher presidente” e “A gente faz trilho e não tem trem pra botar”.  O pop/rock era escrachado para escancarar a incompetência governamental. Contudo, a licença poética virou verdade. O governo do PT sempre contou com o beneplácito de parte da imprensa e de uma intelectualidade que insiste em ver uma beleza na suposta simplicidade petista. Então, a incompetência está sendo tratada com certa condescendência.
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