Curtir rock dava trabalho, mas sempre valeu a pena. Era preciso garimpar para encontrar bandas e álbuns novos. “Os discos demoravam para chegar aqui. Várias vezes não achava o que queria na loja. Importar era difícil e caro”, lembra Dr. Rock, figura comum nos eventos na região.
O guitarrista Luiz Carlini recorda o trampo para sair da Capital e ensaiar em Osasco. Tomava ônibus com amigos levando guitarras e amplificadores. Por causa do tamanho dos equipamentos, o motorista não queria mais parar o busão. O jeito era se esconder atrás de uma banca de jornal. Um dava o sinal, e era só o veículo encostar para a turma entrar com a parafernália.
“A gente tinha orgulho de saber todas as músicas e o nome dos integrantes da banda”, conta Roger Moreira, vocalista do Ultraje a Rigor. Na época, não existiam revistas nem rádios especializadas no Brasil. As novidades eram transmitidas pelo boca a boca. Um ia à casa do outro com sacola de LPs para escutá-los.
Roger teve de batalhar para convencer o pai de que música é coisa séria. Bem diferente do que ocorre hoje com Lucas Richieri, 17 anos, de São Bernardo. Acostumado a ouvir rock progressivo desde a infância por influência dos pais, sempre recebeu incentivo para estudar música. “Sei que era bem mais demorado fazer um álbum. Mas como não tinham recursos, o trabalho era mais elaborado.”
via Era muito complicado curtir rock – Diário do Grande ABC.
