A música também só começou a falar diretamente ao povo, contra a repressão, com a explosão do rock brasileiro, em músicas como “Proteção”, da Plebe Rude e, principalmente, “Inútil”, do Ultraje a Rigor. A música, junto com Sócrates, Casagrande, Wladimir, representantes da Democracia Corintiana, foi cantada por milhares na Praça da Sé, na maior convenção a favor das eleições diretas para presidente do País. Resumindo: a contestação saiu da união do futebol com o rock, coisas que todo mundo captava. Transgressão, mesmo que em tempos mais leves.
Juntou sua banda, chamou os conhecidos, os mais chegados e gravou o disco que faltava para aquela multidão que pedia voto, liberdade e a Copa do Mundo, cantar em uníssono, lá na Praça da Sé. “Inútil, a gente somos inútil”.
Em 13 de janeiro de 1984, o principal nome das campanhas da Diretas, conhecido como Sr. Diretas em pessoa, deputado federal Ulysses Guimarães, declarou que ia mandar o compacto de “Inútil” para o presidente João Figueiredo. A letra dizia, entre outras coisas, que “a gente não sabemos escolher presidente/ a gente não sabemos tomar conta da gente”. A citação ratificava o jovem rock nacional como trilha sonora da década. Enquanto que, no exílio, os representantes da MPB escreviam canções e faziam filmes que, nem sempre, os mesmos compreendiam.
