Roger Moreira – vocalista do Ultraje a Rigor
Geração 1985 – “As coisas começaram a acumular, com muita coisa acontecendo no Rio. Um pouco antes, estouraram o Ritchie e a Blitz. E passaram a existir rádios como a Fluminense, no Rio, a própria Globo. O nosso “Nós Vamos Invadir sua Praia” era meio por causa disso. A gente tinha que passar pelo Rio para sair para o resto do Brasil.
Em 85 o clima era de alegria, de vitória. Tínhamos acabado de sair da ditadura, com muita vontade de fazer coisas novas. Havia também uma predisposição à irreverência em todas as artes. Teatro, quadrinhos, jornais. Havia o “Planeta Diário”, o “Casseta Popular”. A ideia era que a gente já tinha ganhado, não precisávamos mais brigar por nada.”
Futuro do rock brasileiro – “Acho que o rock é pendular. E existe sempre. Quanto a isso, eu sou otimista. Mas, de uns tempos pra cá, depois do videoclipe e da MTV, ficou uma coisa um pouco padronizada. De ter um comportamento que eu tenho que seguir, aparência que eu devo ter. Uma “atitude” entre aspas. O rock deixou de ser o que deveria ser originalmente: diversão para o jovem.
Acho que o que deu errado no meio do caminho foi a gente ter aparecido (risos). Porque o normal é isto que está acontecendo agora. As músicas mais populares sempre têm mais destaque. A gente é que foi uma coisa diferente que apareceu ali. E acho que teve um certo complexo de inferioridade também, não de minha parte, mas de muitas bandas que começaram a querer ter o aval de medalhões do samba e MPB que vinham antes. Cederam um pouco e entregaram a coisa de volta.”